O mito de Sísifo e Balotelli
(por Danilo Calegari)
Sísifo, filho de Éolo e Enarete, foi por muito tempo o rei de Corinto e também foi – apesar de todas as traições - casado com Mérope, a filha de Atlas. Sísifo driblou de maneira desconcertante a morte, colocando-lhe uma coleira igual à pegada de zagueirão bom. Hades, o deus dos mortos, convocava uma seleção de guerreiros para o esquadrão do mundo subterrâneo. Por causa da ginga de Sísifo em ter aprisionado a morte, Hades ficou na mão e ninguém mais descia para o varzeão. Ares, deus da guerra, ficou igualmente pirado da vida: se ninguém mais desse o sangue nos campos de batalhas, se ninguém mais colocasse o coração no bico da chuteira, como as guerras poderiam continuar? Na maior trairagem, chamou Zeus, a FIFA do pedaço – poderoso, autoritário e confuso. E dai? Sísifo, o maior driblador de deuses com inspiração, como emoção, tabelou, driblou dois zagueiros e... depois de várias partidas, morreu de velhice e obteve de Zeus como punição por pouco Fair Play, a incumbência de conduzir uma pelota de mármore até o gol adversário, mas sem poder entrar com bola e tudo por ter piedade. Ele tinha que voltar até a própria trave, recomeçar e ganhar terreno, passar os 115 metros e repetir incessantemente as mesmas jogadas.
Bonucci 'cala a boca' de Balotelli após o belo gol do polêmico atacante |
Balotelli é filho de ganeses imigrados à Itália. Foi abandonado no hospital e depois criado por uma família adotiva. Foi o primeiro jogador negro da Azzurra. Atualmente é o jogador mais talentoso do elenco. E quer ser também a encarnação de Sísifo no futebol. Sempre aprontando, Balotelli parece não dar valor ao que deveria ser a maior honra do jogador de futebol: vestir a camisa da seleção. Na primeira partida, quando iniciou como titular, o lance mais efetivo foi a indecisão e o congelamento diante de Casillas: chutar ou não chutar. No segundo, também titular, alguém o viu em campo? Nos treinos, causador de constantes picuinhas, todos falam bem, mas parece difícil; ninguém o suporta. Nas entrevistas, consegue dizer muita besteira mesmo falando pouco e quase sempre criando mal-entendidos entre companheiros, comissão técnica. Repete insistentemente as mesmas atitudes infantis e arrogantes, à altura de seu futebol.
Cesare Prandelli confia muio nele. Passa a mão no topete galego e pede para ele respirar e contar até dez. Não está funcionando muito. Balotelli está pegando fogo e se perguntando Why always me?
Contra a Irlanda, começou no banco e entrou no decorrer da partida. Com menos de dez minutos dentro do campo, disparou uma cotovelada que, por sorte, não acertou o adversário. Além disso, fez um golaço de meia-bicicleta ou voleio ou puxeta ou o que você preferir chamar... Apoiando-se no marcador e usando toda a sua malandragem para golpear a bola que vinha diretamente do escanteio. Um golaço! Sem comemoração, como de hábito. Somente uma exaltação raivosa, palavrões ao acaso, impedidos por Bonucci que lhe tapou a boca com a mão. Balotelli está em cima da colina. Quando será que vai descer correndo atrás da bola?
Ps: A Itália classificada nem foi a grande notícia do dia. A melhor e mais bonita notícia – deixando de lado o futebolismo - foi saber que os torcedores croatas, ultraviolentos e racistas, se juntaram aos russos, ultra racistas e violentos, e voltaram à casa. Racismo longe do futebol.
Parabéns Danilo pelo post...Falou tudo
ResponderExcluirNão entendi nada na primeira parte.
ResponderExcluirporque vc não escreve sobre futebol?
o problema dele é falta de relho...
ResponderExcluirabração calega!!!!
gostei do post...belo texto,parabéns bjokas
ResponderExcluirBaita texto!!! Muito interessante a comparação entre futebol e mitologia! Muito interessante mesmo!!!
ResponderExcluirHeidi