A Entrevista Exclusiva desta semana traz um personagem bastante conhecido e respeitado do futebol brasileiro. Ele já foi campeão brasileiro, vice-campeão da Libertadores e foi muito querido em todos os clubes pelos quais passou. Conversamos com o ex-jogador Cocito. Confira o bate-papo:
Thiago Marcelo Silveira Cocito
34 anos
Naturalidade
Bebedouro-SP
Cidade em que reside
Curitiba-PR
Profissão
Investidor no ramo da construção civil
1 - Cocito, como e onde foi seu início no futebol?
Comecei quando criança no Batatais F.C. e em 88 vencemos um torneio onde fizemos a final contra o Botafogo de Ribeirão Preto. Depois do título, recebi um convite do Botafogo-SP. Após muita insistência, meu pai acabou aliviando e me deixou ir. Permaneci no Botafogo-SP de 1990 até 1998, sendo comprado, mesmo com uma lesão no púbis, pelo Atlético-PR.
2 - Por quais clubes você jogou na sua carreira?
Batatais-SP, Botafogo de Ribeirão Preto-SP, Atlético-PR, Corinthians-SP, Grêmio-RS, voltei para o Atlético-PR, Tenerife-ESP, Real Múrcia-ESP, Fortaleza-CE, Avaí-SC, Boavista-RJ e Vila Nova-GO.
3 - Por qual você tem uma maior identificação?
Sem dúvida nenhuma com o Atlético-PR, pois foi onde conquistei muitos títulos e onde permaneci por mais de cinco anos.
4 - Qual foi o melhor momento da sua carreira?
Olha, isso é muito relativo, pois tive bons momentos em times que não estavam em um bom momento. Por exemplo, em 2004, no Grêmio, onde infelizmente caímos de divisão e foi quando tive minhas melhores propostas. Mas o melhor momento mesmo em relação a título foi em 2001, no Atlético-PR, com o título de campeão brasileiro.
Com a taça do Brasileirão 2001 (foto: papoatleticano.blogspot.com) |
5 - Você tem um jogo especial na memória do qual nunca esquecerá?
Tenho dois jogos especiais. O clássico Atletiba, em 99, onde ganhamos do Coxa no Couto Pereira e fiz um golaço. E a final do Brasileirão em 2001, quando vencemos o São Caetano no Anacleto Campanella por 1 a 0 e realizamos um sonho.
6 - Mesmo tendo sido volante, tem algum gol inesquecível que você fez que também não esquecerá?
Esse golaço do Atletiba em 1999 do qual me referi na resposta anterior. (veja no vídeo, aos 0:09 segundos, o lindo gol do Cocito)
7 - Por praticamente todos os clubes que você passou, a torcida teve uma identificação muito boa com você. Por que você acha que isso acontecia?
Com certeza a causa é a minha dedicação em campo. Pra mim nunca houve bola e nem partida perdida. Sempre tive muito comprometimento com os clubes pelos quais defendi. Não me vanglorio disso, pois é o mínimo que os atletas deveriam fazer, embora isso não aconteça.
No Tenerife, da Espanha, em 2005 (foto: furacao.com) |
O futebol espanhol é mais mecanizado. Acredito que seja pela dedicação tática dos jogadores de lá e por eles não terem a qualidade e a irreverência dos nossos aqui.
9 - Quando encerrou a sua carreira de jogador, por que não quis seguir trabalhando nos gramados como treinador ou outro cargo técnico em um clube de futebol?
Na verdade, sinto muita falta do futebol, mas sentia mais falta ainda da minha família e quero curti-los mais agora. Passear, viajar, auxiliar e ficar mais juntos deles.
10 - Você gostaria de um dia trabalhar em um clube novamente?
Dependendo da proposta de trabalho. Até fiz um curso de treinador, pois num futuro possa até acontecer, mas momentaneamente não penso nisso. Até me coloquei à disposição para trabalhar em algum clube, podendo ser em várias funções, tanto nas categorias de base quanto no profissional. Posso contribuir muito, mas como treinador não.
11 - Uma curiosidade, você tem um clube do coração pelo qual torcia já na infância?
Sempre falo nas entrevistas que minha família toda é corintiana. Inclusive, na família do meu pai eles são em 10 irmãos, todos corintianos, assim como meus primos e meu avô também era. Portanto, quando criança era corintiano por vontade e por imposição (risos). Meu pai brincava com os outros que na nossa casa não comíamos verdura por ser verde. Ele era muito fanático e só deu uma acalmada quando eu me tornei profissional. Hoje, ele tem um enorme carinho pelo Atlético-PR, a ponto de torcer contra o Corinthians e a favor do Furacão. E eu, atualmente, sou mais atleticano do que corintiano.
12 - E um ídolo, uma inspiração no esporte, você teve?
Meu pai sempre foi meu ídolo, assim como meu irmão. No futebol, tenho como ídolo o Dunga, que foi execrado publicamente e logo em seguida calou a boca de muitos erguendo a taça da Copa do Mundo de 1994.
13 - O que você diz do futebol brasileiro atualmente?
Vejo o futebol brasileiro em alta, principalmente por conseguir manter nossos craques e repatriar outros. Sinto que temos tudo para fazermos uma bela Copa do Mundo no Brasil, desde que nosso treinador defina o quanto antes a base da Seleção, pois não dá mais tempo para ficar fazendo experiências.
14 - Você foi um jogador realizado na sua carreira? Faltou algo para torná-la melhor ainda?
Fui muito feliz por tudo o que vivi no futebol. Realizei sonhos que eu tinha e outros que nem sonhava acabaram acontecendo. Quando eu estava no Botafogo de Ribeirão Preto, sonhava em disputar um Brasileirão e consegui ser campeão da competição. Depois, quando eu estava no Atlético-PR, sonhava em jogar uma Libertadores, disputei e fui vice-campeão em 2005. Essa é minha grande decepção no futebol, pois o São Paulo não era imbatível naquela final e fomos prejudicados por não podermos jogar na Arena da Baixada. Realizei outros três sonhos: jogar no Corinthians; jogar no Grêmio; e tive a felicidade de ser campeão mundial sub-21 com a Seleção Brasileira em Toulon, na França, batendo os donos da casa na final. Enfim, só tenho a agradecer a Deus a oportunidade que ele me deu por meio do futebol, por ter aprendido muito na vida, pelas amizades feitas e pelas conquistas que não há dinheiro que pague.
15 - Para finalizar, qual a dica que você deixa para os futuros jogadores de futebol?
Dedicação, humildade, disciplina, superação, confiança e alegria no que faz. Tenho comigo que com esses ingredientes, aliados à qualidade técnica, é lógico, é muito difícil dar errado, não só no futebol, mas na vida como um todo. Um ditado que não foi criado pelo meu pai mas eu sempre o escutei falar diz tudo: "Não há limites para o homem que acredita nos seus sonhos". Completo dizendo que para os sonhos se tornarem realidade é só colocar os ingredientes citados acima de tudo.
Nós, do Blog Gol em Gol, queremos agradecer ao Cocito por nos atender tão bem e nos fornecer suas histórias e experiências vividas nos gramados brasileiros e mundiais. Valeu, Cocito!
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