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quarta-feira, 18 de abril de 2012

Histórias de jogador: com o meia-atacante Igor Mineiro

Estamos inaugurando mais um quadro no Blog Gol em Gol chamado Histórias de jogador. São situações, sejam elas tristes ou engraçadas, que nos mostram as experiências vividas no mundo da bola por um jogador profissional de futebol. 

Sabemos que são poucos os jogadores que não tiveram que passar por situações de precariedade e até de riscos à saúde e segurança para chegar ao profissionalismo e aos clubes mais estruturados. Mas muitas delas rendem boas risadas e boas lembranças.

Igor Mineiro no El Tanque Sisley, do Uruguai (foto: arquivo pessoal do jogador)


Nosso primeiro personagem é o jogador Igor Mineiro, ex-meia da base do São Paulo e do Corinthians e com passagens pelo profissional do Vasco da Gama e pelo futebol uruguaio. Atualmente, Igor tem 31 anos de idade e é jogador do Esportivo, clube da cidade de Passos, Minas Gerais.

Eis as histórias:

Goleiro maluco

Em 2003, quando me profissionalizei na Associação Atlético Moreninhas, clube do Mato Grosso do Sul, no nosso elenco tinha um goleiro experiente com passagem pelo Goiás muito maluco. Ele saía de noite para as baladas e bebia muito. Nas madrugadas, ele chegava, acordava todos os jogadores no alojamento, pegava uma faca, colocava embaixo do travesseiro e contava como mataria cada um de nós depois que voltássemos a dormir. Por exemplo, ele olhava para o Eliel Borges, ex-jogador do Corinthians, e dizia como ia matá-lo: "Você, eu vou cortar o pescoço e depois arrancar suas córneas". Mas o maluco gostava de mim e me falava: "Você, Igor Mineiro, não vou fazer nada, mas terá que me ajudar a carregar tudo no baldinho". (risos). O problema era que eu não dormia a noite inteira. O goleiro louco roncava alto e eu pensava que ele estava fingindo apenas. No dia seguinte, treino físico com 16 km sem ter dormido e sem comer, pois o clube não dava café da manhã (as vezes só um café preto, mas sem pão). Eu correndo devagar e o preparador físico gritando: "Vamos acelerar Mineiro!". E eu respondia: "Pô, professor. Tô com uma dor na coxa". (risos). Depois os caras deduraram que eu não conseguia que eu estava sem dormir.

Alojamento aos pedaços, necrotério, leite estragado e WO.

Quando fui jogar na AA Saltense, de Salto do Itararé, Paraná, disputei a terceira divisão do estadual. Lá foi bastante complicado também. O alojamento do clube era de tábua, com perigo de escorpião, madeira velha e embaixo passava um rio. O local estava a ponto de desabar. Tudo corroído. Eu sempre tinha a certeza que se fosse lá no dia seguinte, não teria mais nada em pé. (risos). E para piorar, do lado do alojamento ficava um necrotério onde lavavam defuntos antes de eles encaminharem o corpo para o velório. O leite que nos ofereciam era tão estranho que todos os jogadores tinham diarreia. (risos). E, certas vezes, perdíamos os jogos por WO, pois nem sempre a diretoria pagava o ônibus que passava lá para nos levar aos estádios. Foi uma época difícil.

Rivaldo uruguaio

Fui jogador do Deportivo El Tanque Sisley, do Uruguai. Minha passagem por lá foi boa, pois joguei a segunda divisão e subimos para a primeira, onde até hoje o time se encontra. Tirando a parte em que acabava o treino e eu ia embora sem tomar banho. Os uruguaios ficavam assustados e um dia quiseram me colocar à força no chuveiro. (risos). Outra história engraçada foi com o treinador. Eu sou meia e o técnico queria me colocar de centro-avante. Fui falar com ele e ele me disse umas coisas com muita rapidez. O grupo disse: "Resume, professor!". E ele falou: "Vai a jugar como Rivaaaaldo". Eu respondi: "Sí, compreendo". (risos)

Água e energia a "gato" e alimentação nada equilibrada

Atuei, também pelo Clube da Paz, na 3ª Divisão do Rio de Janeiro. Nosso alojamento era uma antiga fábrica de tintas. Era um prédio velho onde a água e a energia era "gato". As vezes não tinha água, outras não tinha luz e algumas não tinha nenhum dos dois. Tomávamos banho com água de litro de Coca-Cola descartável, de vez em quando. A alimentação lá era sempre a base de salsicha. Eu gosto. (risos). Tinha época que não tinha nada para comer e apareciam uns vizinhos nos oferecendo restos de pizzas e refrigerantes. Era uma festa. (risos)

Moeda de troca... por comida

Por fim, em 2005, quando jogava pelo EC Campo Grande, do Mato Grosso do Sul, o presidente me emprestava para uns clubes do futebol amador da cidade em troca de alimentos, como suco, macarrão, bolachas, arroz, feijão. Era engraçado. Mas eu gostava, pois estava jogando.

Futebol é minha vida

Resumindo, tenho outras várias histórias, pois já são 9 anos de estrada. Boas passagens, como na base do São Paulo. Hoje, estou aqui no Esportivo, de Minas Gerais, treinando muito e aguardando propostas melhores. Tenho algumas, mas nada concreto. Da América Central, de Sergipe e da África. Apesar das dificuldade, tenho Deus no coração, nos treinos e nos jogos. Sempre correspondi bem e sempre puxei fila nos treinamentos físicos, mesmo sem me alimentar as vezes. (risos). Todas as minhas vitórias eu agradeço a Deus, primeiramente, minha mãe Cenídia, meu pai Jair, minha esposa Tânia e minhas irmãs Priscila e Valquíria. Obrigado!

Estas foram as histórias do meia-atacante Igor Mineiro.

Assista ao vídeo com lances de Igor Mineiro abaixo:


3 comentários:

  1. PARABENS IGOR, TENTE OUTRA VEZ. TONIPLAY, PRESIDENTE DA SOCIEDADE ESPORTIVA DE GUAXUPÉ -MG, ( 60 anos ), TIME PROFISSIONAL, E PRESIDENTE DO XV DE NOVEMBRO FUTEBOL CLUB DE GUAXUPÉ - MG, ( 100 anos ), TIME AMADOR. Toniplay.

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  2. E aí Mineiro Blz!!! Bola pra frente irmão, tenha fé na vida. Vou torcer pra vc voltar aos gramados o mais breve. Paulo de Guaxupé MG.

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  3. Fico agradecido pela torcida e principalmente pela amizade de vcs;obrigado meu presidente Tony Play e tbem a vc meu parceiro e irmao Paulo de GUAXUPÉ fico honrado com essas palavras de vcs abraços do Mineiro

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